sábado, 7 de junho de 2008

A maldição da religião

Salmo 16.11

A religião é uma desgraça.

Marx tinha razão quando disse que a religião é ópio do povo. A religião tem sido motivo de guerras, de ódios, divisões e contendas.

Não foi em nome da religião que a inquisição mandou milhares de pessoas para a fogueira? Não foi em nome da religião que aviões foram jogados contra edifícios, pessoas são seqüestradas e degoladas em nome da religião e ainda colocam as imagens na internet? Não foi em nome da religião que Jesus Cristo foi preso, espancado, cuspido e crucificado.

Não é também em nome da religião que pessoas da mesma fé se tornam inimigas, e até famílias são divididas por questões religiosas?

Depois de refletir sobre essas coisas chego a pensar que religião é uma coisa maligna.

Talvez você pense que eu estou enlouquecendo, você deve estar dizendo, você não é um pastor?

Deixe-me tentar explicar as razões porque a religião é um mal muito grande para a humanidade.

A religião é uma tentativa do homem chegar até Deus.

A palavra de Deus nos mostra Deus vindo ao encontro do homem.

1. Dogmatismo

O dogmatismo é uma camisa de força que procura engessar qualquer liberdade de pensamento contrário àquele que é defendido pelo dogma.

Fico abismado como a religiosidade muda a essência das coisas.

Para fazer discípulos Jesus chamou pessoas para viverem com eles e aprenderem através da sua vida. Ele não desfiou conceitos, de fatos e circunstâncias da vida, ele extraía histórias e deixava que as pessoas tirassem as suas conclusões.

Hoje, discipulado é o nome de uma classe em que se desfiam conceitos, que devem ser decorados. Tão diferente do que Jesus ensinou.

Às vezes damos a essa classe o esquisito nome de catecúmenos. Alguns chegam a confundir com catacumbas, lugar de mortos.

Preferimos conhecer e recitar dogmas a conhecer a Deus.

O dogma está dentro da esfera do nosso controle, conhecer a Deus é entrega absoluta. É penetrar em um mistério insondável e sem fim.

O dogmatismo gera a intolerância.

Vejam um exemplo desse dogmatismo:

Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar. A multidão ficou admirada e disse: “Nunca se viu nada parecido em Israel!”

Mas os fariseus diziam: “É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa demônios”. Mt. 9.33 e 34.

2. Ritualismo.

O ritualismo é outra praga da religião. Procura dizer como deve ser a relação com Deus.

Fico impressionado em como somos tolo. Você já percebeu como as nossas orações em público são feita para os outros e não para Deus. Como escolhemos palavras que só impressionam os homens e não a Deus.

Deixem-me abrir o meu coração para vocês. Quantas vezes não terminei uma oração e pensei: poxa, como eu orei bonito.

O problema maior de nossas orações públicas é que nós oramos para os outros ou para nós mesmo. O maior problema da oração do publicano era que ele orava de si, para si mesmo.

Quem sabe orar são as crianças. Elas oram com sinceridade, com simplicidade. Não estão presas as formas de ritualismo.

Há um episódio na vida de Fellipe que sempre que eu penso em oração eu me lembro. Ele disse: pai eu estava tentando passar em uma fase do jogo e não conseguia e orei a Deus e consegui.

O religioso diz: isso é uma tolice, não devemos incomodar Deus com coisas pequenas. Jesus é Deus e ele fala da alegria de uma mulher que encontrou uma moeda. Ele diz que Deus é o Deus que sabe até dos cabelos de nossas cabeças, que cuida do alimento dos passarinhos, que cuida da beleza das flores.

Eu não consigo assistir muitos desses clipes de cantores evangélicos. Eu não agüento aquele negócio de levante a mãozinha e saia do chão.

Aquelas falas ensaiadas, aquelas emoções produzidas.

Há muita sabedoria de Deus quando o Espírito Santo é representado por um pássaro. É um pássaro livre, sem gaiolas, sem nada que o aprisione.

Ele é vento que sopra onde quer. Só podemos implorar sua presença, não podemos produzi-la.

Não suporto esse negócio de ficarem me mandando dar recado pro meu irmão do lado porque já virou modismo.

Fico pensando no dia que alguém estiver cantando dá-me filhos e distraidamente, mandar dizer pra irmã do lado a letra da música.

Onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade.

Inventamos os rituais para fugir da liberdade do Espírito Santo em que Ele está no controle e eu totalmente entregue como um pequeno barco de papel levado pelas correntezas da chuvas.

Quando ficamos livres do ritualismo estaremos prontos para adorar a Deus de verdade, então poderemos cantar como o poeta nordestino: todo tempo quanto houver pra mim é pouco pra passar na presença do Meu Senhor.

Vejam um exemplo desse ritualismo.

Então os discípulos de João vieram perguntar-lhe: “Por que nós e os fariseus jejuamos, mas os teus discípulos não?” Mateus 9.14

3. Legalismo.

Fico impressionado com a capacidade humana de criar regras. Parece que sem as amarras de inúmeras regras não nos sentimos seguros.

Jesus disse que toda a lei se resumia em dois mandamentos: amar a Deus e ao próximo. Mas, esses de Deus são difíceis de cumprir porque ambos implicam renúncia. Então criamos inúmeros. Os fariseus se julgavam puros pela grande quantidade de leis que costumavam observar. Eles criaram muitos. Foram chamados de hipócritas.

As vezes essa necessidade de criar regras chega às raias do absurdo ou da loucura.

Inventamos regras porque para aprisionar os monstros que habitam dentro do ser humano e que tememos que se soltem.

Enquanto servirmos a Deus por medo e não por amor continuaremos criando regras. Enquanto não entregarmos toda a nossa vida ao Espírito criaremos regras, faremos muros e cercas para que não fujam esse monstro chamado carne que luta contra o Espírito. Se andarmos no Espírito jamais satisfaremos as concupiscências da carne.

Então os discípulos de João vieram perguntar-lhe: “Por que nós e os fariseus jejuamos, mas os teus discípulos não?” Mt. 15.9

Mas, não quero dar um tom pessimista a essa mensagem, mas, um tom otimista. Quero dizer que livres das amarras da religiosidade há uma proposta maravilhosa. Há um viver diferente. Na presença de Deus há delícias perpetuamente. O Espírito nos levará às águas tranqüilas e aos pastos verdejantes.

Há mistérios profundos, melhores do que recitar dogmas. Há rios de amor para nos inundar de uma maneira que não precisamos dessas coreografias que são simulacros da alegria da presença de Deus que nos embriaga mais do que o melhor vinho.

Se estivermos dispostos a andar com o Espírito e no Espírito, Ele nos guiará de tal maneira que não precisaremos ficar criando marcos para não nos perdermos nos caminhos. Ele nos guiará pelos caminhos da justiça e da verdade.