A queda trouxe muitos prejuízos ao ser humano. O principal deles foi que tendo sido feito à imagem e semelhança de Deus, teve, em parte essa imagem quebrada por conta do pecado.
Essa perda deu ao homem uma sensação de incompletude porque ele perdeu parte daquilo que era a sua essência.
Essa sensação de que está faltando algo, essa inquietude, tem um aspecto muito positivo. Ao longo da existência, tem levado o homem elevar os seus ideais e suas metas e o tem conduzido a grandes realizações, a grandes conquistas em todas as áreas.
Mas essa inquietude, por outro lado, tem um aspecto ruim. Quando não é usada de forma apropriada, pode levar o ser humano a grande frustrações, a enormes decepções e até mesmo à depressão.
Tudo o que foi dito acima, se aplica também à fé. Essa inquietação, esse vazio que existe no homem o tem levado a buscar a Deus, a amar ao próximo, e aos grandes empreendimentos missionários. Essa inquietação tem levado o homem a sonhar com algo que é muito maior do ele e o tem levado a grandes passos de fé. Ele sabe que foi criado para algo muito maior.
Isso o leva sempre a buscar mais conhecimento a respeito de Deus e da sua Palavra, o leva a buscar a experiências mais profundas, a ser criativo nas diversas maneiras como se aproxima de Deus para o adorar. No seu “DNA”, há algo que está escrito desde que foi criado, que de alguma maneira o remete ao princípio onde no Jardim, com Deus tudo era perfeito, desde o seu relacionamento com o criador, quanto o seu relacionamento com a criação.
Contudo, quando essa inquietação não está direcionada, quando ela não tem foco, leva o ser humano a uma busca desordenada, em que ele busca alguma coisa, em algum lugar. Ele não sabe o que é, nem onde está.
Num sentido prático, isso se aplica à igreja. Há pessoas que sentem que está faltando alguma coisa no que diz respeito à sua vida espiritual. Às vezes ele não sabe o que é. Às vezes ele sabe, mas, inconscientemente não quer admitir. Ele nunca está satisfeito na igreja onde está.
Então ele pensa, se eu mudar de igreja a minha vida espiritual vai melhorar, vou me sentir melhor espiritualmente. Isso funciona por algum tempo, mas, como ele ainda não foi à raiz do problema, ele vai continuar a sua peregrinação.
Primeiro, por que em grau maior ou menor, e em áreas diferentes, todas as igrejas têm defeitos, porque constituídas por pessoas que têm virtudes e defeitos e a igreja é a soma dessas coisas.
Por outro lado, porque temos a tendência de querermos mudar as coisas ao nosso redor, sem estarmos dispostos a mudarmos a nós mesmos. E essa é a tarefa mais difícil, mudarmos a nós mesmos. Mudar a si mesmo é um processo difícil, porque, em primeiro lugar, precisamos admitir os nossos erros e o coração humano é enganoso, já dizia o profeta. Depois, todo processo de mudança é doloroso, porque implica a mudança de hábitos arraigados. Aquele que gosta de mentir, tem que aprender a só falar a verdade; aquele que se deleita em falar da vida alheia, tem que colocar um freio na língua; aquele que é rancoroso tem que aprender a perdoar como Deus o perdoou; aquele que é impiedoso, precisa aprender a ser misericordioso; aquele que é lascivo, precisa limpar a sua mente e amar as coisas puras e santas; aquele tem linguagem inconveniente, precisa temperar a sua “palavra com sal. Estas coisas ditas anteriormente são apenas a título de ilustração, a lista poderá ser acrescentada por aqueles que estão lendo, de forma bastante prolongada.
Uma vez ouvi de uma irmã, de forma bastante jocosa a seguinte frase: “trocar de marido é trocar de problema, por isso, fico com o meu que já conheço.” Parafraseando aquela irmã podemos dizer: “trocar de igreja é trocar de problemas”.
Ir atrás da igreja perfeita é como andar em direção ao horizonte, ele está sempre fugindo de nós. Mas, mesmo na improvável situação de você encontrar a igreja perfeita, se encontrar, não entre! Assim que você entrar, ela deixará de ser perfeita.
Rev. Kleber Nobre de Queiroz
Pastor da 1ª Igreja Presbiteriana Independente do Natal