terça-feira, 18 de novembro de 2008

Construindo Pontes ou Levantando Muros?

O ser humano vive dentro de uma tensão. Deus o criou para ser social, isto é para a vida em comunidade. A queda o tornou egoísta, voltado para os seus interesses imediatos.
Essa tensão permanente o leva a busca de relacionamentos uma vez que na tessitura do seu ser está ínsita essa necessidade. Em virtude da queda, os seus relacionamentos podem ser marcados por interesses pessoais ou se tornarem conflituosos.
Quaisquer que sejam as instâncias da vida, na medida em que os relacionamentos se tornam mais íntimos tendemos a tornar acerbos esses relacionamentos.
A igreja também não está imune a essas tensões. Há algumas razões que podem explicar essas tensões. Uma delas é a luta interior que vivemos e que só terá fim quando ao final estivermos na presença de Deus na eternidade. Paulo, ao escrever aos Galátas no capítulo 5, denomina esse conflito de luta da "carne contra o Espírito". Embora criados à imagem e semelhança de Deus, fomos atingidos pela queda que "borrou" essa imagem. A carne mencionada por Paulo, não é um sinônimo de "corpo", mas a inclinação natural que o ser humano tem para o pecado. E o Apóstolo diz que as obras da carne são: inimizades, porfias (isto é, disputas), ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções (grupos), invejas...
Se observarmos atentamente, das obras da carne mencionadas, três, dizem respeito à sexualidade: prostituição, impureza, lascívias; duas à religiosidade: idolatria e feitiçarias; duas ao procedimento à mesa: bebedices e glutonarias e oito relacionadas aos relacionamentos.
Penso que essa lista nos ensina muito. Os problemas nas igrejas relacionados aos sexo são pontuais e são normalmente duramente punidos. No contexto das igrejas evangélicas, o combate à idolatria e à feitiçaria é uma causa histórica. Mas há uma área que precisa ser tratada com urgência, a dos nossos relacionamentos.
Não demorou muito tempo para que as novas igrejas constituídas, enfrentassem problemas nessa área, vejam só o que Paulo diz: "Se vós porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos." Galátas 5.15.
Para Paulo, a saída para esses conflitos é uma só: o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Acrescente-se aisso a palavra de Jesus Cristo de que felizes são os pacificadores.
A ênfase da igreja da igreja no poder, seja espiritual ou político, tem levado a igreja a perder a sua essência que é o amor. E o apóstolo João na sua primeira carta, chega a questionar se realmente amamos a Deus ao dizer que "se não conseguimos amar o nosso irmão que vemos, como podemos a Deus que não vemos. "
A queda nos inclina para uma vida de inimizades, amargura e rancor. Cristo nos faz novas criaturas para vivermos em amor.
A diferença toda está naquilo que estamos fazendo em nossos relacionamentos. Construímos pontes ou levantamos muros? A ponte une, os muros separam.
Os cristãos vivendo à semelhança de Cristo devem construir pontes como Cristo construiu na Cruz, restaurando o relacionamento do ser humano com Deus. Agora no poder da cruz, somos chamados a viver em comunhão, ou fora delas viver de maneira carnal e em desobedência a Deus.

Rev. Kleber Nobre de Queiroz
Pastor da 1ª Igreja Presbiteriana Independente do Natal 


quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Em busca da Igreja Perfeita

A queda trouxe muitos prejuízos ao ser humano. O principal deles foi que tendo sido feito à imagem e semelhança de Deus, teve, em parte essa imagem quebrada por conta do pecado.

Essa perda deu ao homem uma sensação de incompletude porque ele perdeu parte daquilo que era a sua essência.

Essa sensação de que está faltando algo, essa inquietude, tem um aspecto muito positivo. Ao longo da existência, tem levado o homem elevar os seus ideais e suas metas e o tem conduzido a grandes realizações, a grandes conquistas em todas as áreas.

Mas essa inquietude, por outro lado, tem um aspecto ruim. Quando não é usada de forma apropriada, pode levar o ser humano a grande frustrações, a enormes decepções e até mesmo à depressão.

Tudo o que foi dito acima, se aplica também à fé. Essa inquietação, esse vazio que existe no homem o tem levado a buscar a Deus, a amar ao próximo, e aos grandes empreendimentos missionários. Essa inquietação tem levado o homem a sonhar com algo que é muito maior do ele e o tem levado a grandes passos de fé. Ele sabe que foi criado para algo muito maior.

Isso o leva sempre a buscar mais conhecimento a respeito de Deus e da sua Palavra, o leva a buscar a experiências mais profundas, a ser criativo nas diversas maneiras como se aproxima de Deus para o adorar. No seu “DNA”, há algo que está escrito desde que foi criado, que de alguma maneira o remete ao princípio onde no Jardim, com Deus tudo era perfeito, desde o seu relacionamento com o criador, quanto o seu relacionamento com a criação.

Contudo, quando essa inquietação não está direcionada, quando ela não tem foco, leva o ser humano a uma busca desordenada, em que ele busca alguma coisa, em algum lugar. Ele não sabe o que é, nem onde está.

Num sentido prático, isso se aplica à igreja. Há pessoas que sentem que está faltando alguma coisa no que diz respeito à sua vida espiritual. Às vezes ele não sabe o que é. Às vezes ele sabe, mas, inconscientemente não quer admitir. Ele nunca está satisfeito na igreja onde está.

Então ele pensa, se eu mudar de igreja a minha vida espiritual vai melhorar, vou me sentir melhor espiritualmente. Isso funciona por algum tempo, mas, como ele ainda não foi à raiz do problema, ele vai continuar a sua peregrinação.

Primeiro, por que em grau maior ou menor, e em áreas diferentes, todas as igrejas têm defeitos, porque constituídas por pessoas que têm virtudes e defeitos e a igreja é a soma dessas coisas.

Por outro lado, porque temos a tendência de querermos mudar as coisas ao nosso redor, sem estarmos dispostos a mudarmos a nós mesmos. E essa é a tarefa mais difícil, mudarmos a nós mesmos. Mudar a si mesmo é um processo difícil, porque, em primeiro lugar, precisamos admitir os nossos erros e o coração humano é enganoso, já dizia o profeta. Depois, todo processo de mudança é doloroso, porque implica a mudança de hábitos arraigados. Aquele que gosta de mentir, tem que aprender a só falar a verdade; aquele que se deleita em falar da vida alheia, tem que colocar um freio na língua; aquele que é rancoroso tem que aprender a perdoar como Deus o perdoou; aquele que é impiedoso, precisa aprender a ser misericordioso; aquele que é lascivo, precisa limpar a sua mente e amar as coisas puras e santas; aquele tem linguagem inconveniente, precisa temperar a sua “palavra com sal. Estas coisas ditas anteriormente são apenas a título de ilustração, a lista poderá ser acrescentada por aqueles que estão lendo, de forma bastante prolongada.

Uma vez ouvi de uma irmã, de forma bastante jocosa a seguinte frase: “trocar de marido é trocar de problema, por isso, fico com o meu que já conheço.” Parafraseando aquela irmã podemos dizer: “trocar de igreja é trocar de problemas”.

Ir atrás da igreja perfeita é como andar em direção ao horizonte, ele está sempre fugindo de nós. Mas, mesmo na improvável situação de você encontrar a igreja perfeita, se encontrar, não entre! Assim que você entrar, ela deixará de ser perfeita.

Rev. Kleber Nobre de Queiroz

Pastor da 1ª Igreja Presbiteriana Independente do Natal

Publicar postagem
Salvar agora
Salvar como rascunho

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

crentes na política

Crentes na Política.

Há muito tempo que há em nosso meio uma discussão a respeito da participação dos crentes na política. Gostaria de colocar alguns argumentos para nos ajudarem a refletir melhor sobre a questão.

A primeira coisa a se dizer é que enquanto vivermos aqui será impossível não termos qualquer tipo de envolvimento político. Isso porque estamos inseridos em um contexto social em que a política faz parte de cada aspecto da nossa vida. Até a omissão é um gesto político. Seja a abstenção, seja o voto em branco ou nulo, estes não deixam de ser uma forma de protesto político.

Voltando para a Bíblia temos exemplo de pessoas que exerceram em sua época, funções políticas como José e Daniel e lembramos ainda, que quando Israel passou a se constituir como nação, precisou também se estruturar politicamente, seja por meio dos juízes, seja por meio da monarquia.

A história da reforma protestante também aponta para o fato de que Calvino acumulava o papel de Pastor e líder político em Genebra, na Suíça, considerada o berço das igrejas de origem reformadas, isto é, de tradição calvinista.

Os Estados Unidos, país que tem uma tradição protestante vinda desde suas origens, teve em sua maioria presidentes protestantes, alguns nominais, outros praticantes, caso de Jimmy Carter, Batista praticante e professor da escola dominical de sua igreja.

Na verdade, o que precisamos diferenciar é o “crente candidato” do “candidato crente”. Talvez você esteja se perguntando se tudo não é a mesma coisa, então, deixe-me explicar: o crente candidato é aquele que não tem vocação política e espera receber um voto tão somente por conta de sua condição religiosa, seja como membro, pastor ou qualquer outro título religioso. Já o candidato crente é aquele que tem vocação política e quer colocar o seu trabalho a serviço da comunidade. O seu projeto é maior do que a igreja. Porém, não pode com isso esquecer a sua fé, o seu compromisso com Deus e com a sua igreja, o que levaria a ser apenas um candidato.

Tudo isso suscita então uma pergunta final: devemos votar em crentes? Sim e não. Sim se o candidato tiver compromisso com a sua cidade e tiver vocação política e também se tiver vida cristã autêntica tanto na igreja quanto fora dela. Senão, é melhor não votar nele para não manchar o nome da igreja. Porém, se ele for apenas um crente candidato, não devemos votar nele, pois o simples fato de ser crente não o habilita ao exercício da vida pública e este também, poderá vir a ser um péssimo testemunho para o nome da igreja.

Rev. Kleber Nobre de Queiroz

Pastor da 1ª Igreja Presbiteriana Independente do Natal

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Somos humanos

Somos humanos.

“Que é um simples ser humano para que penses nele?” Salmo 8: 4 (NTLH).

O que é o ser humano? As definições poderiam ser muitas, dependendo sempre da perspectiva da resposta. No momento em que penso sobre o ser humano, o que vem à minha mente é que o ser humano é um ser que continuamente vive nos extremos.
Isso porque o ser humano foi criado para um destino glorioso, contudo por causa do pecado ele perdeu os privilégios que tinha antes da queda. Assim, ele vive oscilando entre uma condição e outra. Ele é capaz dos gestos mais elevados e ao mesmo tempo dos atos mais vis. Dentro dele há uma guerra interior permanente. A sua vocação para a glória o chama para uma vida ordenada e elevada, porém o pecado o convida para uma vida de miséria.
É por isso que podemos encontrar atitudes tão díspares no ser humano. O salmista diz no Salmo 8 que Deus o fez apenas um pouco menor do que Ele mesmo. E deu a ele o privilégio de dominar sobre a criação.
Dizer que somos humanos é dizer que fomos feitos para um destino glorioso. Como cabeça da criação de Deus; como obra de suas mãos. Pois conforme o relato da criação, o homem é o único dos seres que Deus cria com as suas próprias mãos. O ser humano é o único por quem Deus envia o seu Filho para morrer na cruz e redimi-lo.
Dizer que somos humanos é dizer também que fomos infectados pelo pecado e sofremos a conseqüência da nossa queda e da nossa alienação. Por isso as nossas justiças diante de Deus, são como trapos de imundícia. Isaías 64:6. O profeta olha para o povo e vê que “desde a planta do pé até à cabeça não há coisa sã, senão feridas, contusões e chagas inflamadas umas e outras não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo” Isaías 1:6.
Esse impasse da condição humana é vencido na cruz de Cristo. Ali, Cristo destrói os inimigos do ser humano, a morte, o pecado, o mundo e o diabo e, ao mesmo tempo, nos resgata para restaurar o destino glorioso para o qual fomos destinados e do qual desfrutaremos quando na sua vinda Cristo restaurar todas as coisas. Paulo apresenta essa realidade de uma maneira muito clara: “... a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (grifo nosso) Romanos 8:21. Mas, até lá, “... gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a adoção de nosso corpo.” Romanos 8:23.


Rev. Kleber Nobre de Queiroz
Pastor da Igreja

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A Missão da Oração.

“A Seara, na verdade é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para sua seara. Mateus 9: 37 e 38 (RA).

Como é que você se sentiria se você fosse um patrão e de tudo o que você dissesse os seus empregados só levassem em conta aquilo que fosse do interesse deles? Eu tenho certeza que você ficaria muito aborrecido. E se fosse um patrão muito rígido seria capaz até de demiti-los. Ou imagine que você é dono de um barco que no resgate dos náufragos sacrificou a vida do próprio filho e agora aqueles que foram salvos estão indiferentes às suas palavras? Com certeza o seu coração ficaria muito triste. Agora você imagine como é que Deus não se sente tendo oferecido a vida do seu próprio filho para nos resgatar e nós dizemos que ele é nosso Senhor, mas, agimos com indiferença às suas palavras.

A oração para Jesus Cristo era muito importante. Em várias ocasiões Ele nos incentiva à oração. Na oração que denominamos de Pai Nosso, podemos perceber uma clara divisão. Metade dela trata de Deus e do seu Reino e a outra metade sobre nós mesmos. Creio que há um ensino claro aí que é confirmado em Mateus 6:33 “Buscai, pois, em primeiro lugar o seu Reino e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.”

É interessante observar como invertemos a ordem, em primeiro lugar estou eu, os meus interesses, a minha vida, a minha família, as minhas coisas. Depois, quando me lembrar, as coisas de Deus.

Jesus mandou que orássemos ao Pai para que Ele mandasse trabalhadores para a sua seara. Porque a seara era grande e os trabalhadores eram poucos. Não é interessante que dois mil anos depois, a seara continua grande e os trabalhadores continuam poucos.

Seria o caso de perguntar: Deus não responde mais as orações do seu povo ou nós não temos pedido isso a Deus. Creio que essa é uma oração que Deus está empenhado em responder, pois, foi o próprio Jesus Cristo que nos mandou orar. A verdade é que não temos demonstrado interesse no que Jesus Cristo disse sobre orar pela sua obra e temos sido indiferentes às prioridades do Reino de Deus nas nossas orações.

O fato de contribuirmos com dinheiro para missões não nos isenta de orarmos pelo envio de missionários para a grande seara que continua carente de trabalhadores.

Rev. Kleber Nobre de Queiroz

Pastor da Igreja

sábado, 7 de junho de 2008

A maldição da religião

Salmo 16.11

A religião é uma desgraça.

Marx tinha razão quando disse que a religião é ópio do povo. A religião tem sido motivo de guerras, de ódios, divisões e contendas.

Não foi em nome da religião que a inquisição mandou milhares de pessoas para a fogueira? Não foi em nome da religião que aviões foram jogados contra edifícios, pessoas são seqüestradas e degoladas em nome da religião e ainda colocam as imagens na internet? Não foi em nome da religião que Jesus Cristo foi preso, espancado, cuspido e crucificado.

Não é também em nome da religião que pessoas da mesma fé se tornam inimigas, e até famílias são divididas por questões religiosas?

Depois de refletir sobre essas coisas chego a pensar que religião é uma coisa maligna.

Talvez você pense que eu estou enlouquecendo, você deve estar dizendo, você não é um pastor?

Deixe-me tentar explicar as razões porque a religião é um mal muito grande para a humanidade.

A religião é uma tentativa do homem chegar até Deus.

A palavra de Deus nos mostra Deus vindo ao encontro do homem.

1. Dogmatismo

O dogmatismo é uma camisa de força que procura engessar qualquer liberdade de pensamento contrário àquele que é defendido pelo dogma.

Fico abismado como a religiosidade muda a essência das coisas.

Para fazer discípulos Jesus chamou pessoas para viverem com eles e aprenderem através da sua vida. Ele não desfiou conceitos, de fatos e circunstâncias da vida, ele extraía histórias e deixava que as pessoas tirassem as suas conclusões.

Hoje, discipulado é o nome de uma classe em que se desfiam conceitos, que devem ser decorados. Tão diferente do que Jesus ensinou.

Às vezes damos a essa classe o esquisito nome de catecúmenos. Alguns chegam a confundir com catacumbas, lugar de mortos.

Preferimos conhecer e recitar dogmas a conhecer a Deus.

O dogma está dentro da esfera do nosso controle, conhecer a Deus é entrega absoluta. É penetrar em um mistério insondável e sem fim.

O dogmatismo gera a intolerância.

Vejam um exemplo desse dogmatismo:

Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar. A multidão ficou admirada e disse: “Nunca se viu nada parecido em Israel!”

Mas os fariseus diziam: “É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa demônios”. Mt. 9.33 e 34.

2. Ritualismo.

O ritualismo é outra praga da religião. Procura dizer como deve ser a relação com Deus.

Fico impressionado em como somos tolo. Você já percebeu como as nossas orações em público são feita para os outros e não para Deus. Como escolhemos palavras que só impressionam os homens e não a Deus.

Deixem-me abrir o meu coração para vocês. Quantas vezes não terminei uma oração e pensei: poxa, como eu orei bonito.

O problema maior de nossas orações públicas é que nós oramos para os outros ou para nós mesmo. O maior problema da oração do publicano era que ele orava de si, para si mesmo.

Quem sabe orar são as crianças. Elas oram com sinceridade, com simplicidade. Não estão presas as formas de ritualismo.

Há um episódio na vida de Fellipe que sempre que eu penso em oração eu me lembro. Ele disse: pai eu estava tentando passar em uma fase do jogo e não conseguia e orei a Deus e consegui.

O religioso diz: isso é uma tolice, não devemos incomodar Deus com coisas pequenas. Jesus é Deus e ele fala da alegria de uma mulher que encontrou uma moeda. Ele diz que Deus é o Deus que sabe até dos cabelos de nossas cabeças, que cuida do alimento dos passarinhos, que cuida da beleza das flores.

Eu não consigo assistir muitos desses clipes de cantores evangélicos. Eu não agüento aquele negócio de levante a mãozinha e saia do chão.

Aquelas falas ensaiadas, aquelas emoções produzidas.

Há muita sabedoria de Deus quando o Espírito Santo é representado por um pássaro. É um pássaro livre, sem gaiolas, sem nada que o aprisione.

Ele é vento que sopra onde quer. Só podemos implorar sua presença, não podemos produzi-la.

Não suporto esse negócio de ficarem me mandando dar recado pro meu irmão do lado porque já virou modismo.

Fico pensando no dia que alguém estiver cantando dá-me filhos e distraidamente, mandar dizer pra irmã do lado a letra da música.

Onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade.

Inventamos os rituais para fugir da liberdade do Espírito Santo em que Ele está no controle e eu totalmente entregue como um pequeno barco de papel levado pelas correntezas da chuvas.

Quando ficamos livres do ritualismo estaremos prontos para adorar a Deus de verdade, então poderemos cantar como o poeta nordestino: todo tempo quanto houver pra mim é pouco pra passar na presença do Meu Senhor.

Vejam um exemplo desse ritualismo.

Então os discípulos de João vieram perguntar-lhe: “Por que nós e os fariseus jejuamos, mas os teus discípulos não?” Mateus 9.14

3. Legalismo.

Fico impressionado com a capacidade humana de criar regras. Parece que sem as amarras de inúmeras regras não nos sentimos seguros.

Jesus disse que toda a lei se resumia em dois mandamentos: amar a Deus e ao próximo. Mas, esses de Deus são difíceis de cumprir porque ambos implicam renúncia. Então criamos inúmeros. Os fariseus se julgavam puros pela grande quantidade de leis que costumavam observar. Eles criaram muitos. Foram chamados de hipócritas.

As vezes essa necessidade de criar regras chega às raias do absurdo ou da loucura.

Inventamos regras porque para aprisionar os monstros que habitam dentro do ser humano e que tememos que se soltem.

Enquanto servirmos a Deus por medo e não por amor continuaremos criando regras. Enquanto não entregarmos toda a nossa vida ao Espírito criaremos regras, faremos muros e cercas para que não fujam esse monstro chamado carne que luta contra o Espírito. Se andarmos no Espírito jamais satisfaremos as concupiscências da carne.

Então os discípulos de João vieram perguntar-lhe: “Por que nós e os fariseus jejuamos, mas os teus discípulos não?” Mt. 15.9

Mas, não quero dar um tom pessimista a essa mensagem, mas, um tom otimista. Quero dizer que livres das amarras da religiosidade há uma proposta maravilhosa. Há um viver diferente. Na presença de Deus há delícias perpetuamente. O Espírito nos levará às águas tranqüilas e aos pastos verdejantes.

Há mistérios profundos, melhores do que recitar dogmas. Há rios de amor para nos inundar de uma maneira que não precisamos dessas coreografias que são simulacros da alegria da presença de Deus que nos embriaga mais do que o melhor vinho.

Se estivermos dispostos a andar com o Espírito e no Espírito, Ele nos guiará de tal maneira que não precisaremos ficar criando marcos para não nos perdermos nos caminhos. Ele nos guiará pelos caminhos da justiça e da verdade.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Os Filhos de Eli

Os Filhos de Eli

Os filhos de Eli eram ímpios; não se importavam com o SENHOR. O pecado desses jovens era muito grande à vista do SENHOR, pois eles estavam tratando com desprezo a oferta do SENHOR. I Samuel 2. 12 e 17. Pois eu lhe disse que julgaria sua família para sempre, por causa do pecado dos seus filhos, do qual ele tinha consciência; seus filhos se fizeram desprezíveis, e ele não os puniu. I Samuel 3.13.”

Eli teve um papel muito importante na história de Israel. Pode-se dizer que ele foi o mentor, o discipulador de Samuel, que foi o último dos Juízes, antes do início da monarquia. Além disso, Samuel foi profeta e sacerdote. É também Samuel que unge a Saul e Davi como reis de Israel. Ele foi para Samuel como um pai. É triste, porém, ver que Eli descuidou de sua família.

A observação que há no livro de Samuel sobre o comportamento de Eli, deixa claro que o fato dele ser um sacerdote, de estar a serviço de Deus não o isentava de cuidar de sua família.

O texto nos mostra que em primeiro lugar ele foi negligente. Ele tinha consciência dos erros dos seus filhos. Porém, por conveniência ele fazia vista grossas dos erros dos seus filhos. O Senhor condenou, também, a falta de disciplina com os filhos. O texto diz claramente que ele não os puniu.

Há algumas lições que podemos aprender aqui a respeito da educação dos filhos. A primeira delas é que a responsabilidade maior é do pai. Deus o constituiu como cabeça da família e cabe a ele a responsabilidade de acompanhar, instruir e disciplinar os seus filhos.

Nos dias de hoje, queremos transferir a responsabilidade da educação dos filhos, para professores, para a igreja, para os avós, e até mesmo as empregadas. Todos esses, podem de alguma maneira ser auxiliares na educação dos filhos, mas, a responsabilidade é dos pais e principalmente do pai.

Também, nós podemos aprender aqui, que temos uma responsabilidade diante de Deus pelos nossos filhos. Deus cobra de nós a negligência, a falta de exemplo, a falta de atitude, a falta de disciplina. Todavia, Ele cobra com muito mais rigor, a falta de cuidado com a vida espiritual do seu lar. Nossos filhos são tesouros que Deus nos deu para cuidar e prestar contas diante dele.

Para Ele, mais importante do que o saldo da sua conta bancária, do seu status profissional, religioso, é quanto você investiu no cuidado com os seus filhos. Mais, importante do que estar na igreja ou estar envolvido em atividades religiosas é gastar tempo na vida espiritual de seus filhos. De nada adianta, participar de várias reuniões de oração em uma semana se você não orar com o seu filho. De nada adianta você ser um pregador da Palavra se você descuidar do ensino ao seu filho e de servir de exemplo para Ele.

Porém, o exemplo de Eli, deve nos servir de advertência, porque Samuel, tendo ouvido do próprio Deus o juízo sobre da família de Eli, descuidou dos seus filhos: “Mas os filhos dele não andaram em seus caminhos. Eles se tornaram gananciosos, aceitavam suborno e pervertiam a justiça.” I Samuel 8.3

Rev. Kleber Nobre de Queiroz

Pastor da Igreja.

Se eu fosse escolher uma esposa.

Se eu fosse escolher uma esposa não escolheria a pessoa com quem me casei. Cada dia, fico mais convicto disso. Cada dia reconheço que teria escolhido outra e não aquela com quem estou casado.

A verdade é que depois desses anos descobri uma coisa: não fui eu que escolhi a minha esposa, foi Deus. A minha fé é muito pequena e por isso eu não sonharia que Deus me daria alguém tão especial para minha vida.

Certamente eu não teria escolhido alguém com tantas qualidades. Ela é a prova mais concreta de Deus que nos dá muito além daquilo que pedimos ou pensamos.

Como eu poderia imaginar uma mãe mais dedicada, mais amorosa e cuidadosa com os filhos? Alguém que com sabedoria e zelo sempre procurou ensinar aos nossos filhos os valores da Palavra de Deus não apenas com palavras, mas, com a própria vida. E vejo com alegria na vida dos nossos filhos o fruto dessa verdade transmitida.

Eu não teria concebido jamais a idéia de me casar com uma esposa que louva a Deus nos momentos mais difíceis e que com paciência espera no Senhor.

Então, hoje, chego à conclusão de que se os filhos são herança de Deus. A esposa é um dom, um presente de Deus. Ela, tem sido instrumento de Deus no meu ministério e na minha vida. Ela tem sido usada por Deus no meu crescimento pessoal e espiritual. O que eu sou e o que tenho vieram de Deus, mas, Deus a fez um instrumento de suas realizações na minha vida.

Se eu fosse escolher uma esposa não teria escolhdo a pessoa com quem estou casado, mas, depois de 19 anos, não me vejo casado com nenhuma outra, porque ela foi uma presente de Deus. E a Ele toda minha gratidão por um presente tão especial.

 

Rev. Kleber Nobre de Queiroz

Pastor da Igreja.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Tarde Demais

Colossenses 3:20 Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois fazê-lo é grato diante do Senhor.

Ele estava ali deitado à beira da estrada agonizante, o corpo ferido e ensangüentado e as dores fortes que sentia não conseguia impedir que certas lembranças viessem a sua mente. Lembrou dos amigos da faculdade, das aulas de direito. Lembrou-se da alegria de ter passado no vestibular e de finalmente verem as aulas começarem. Lembrou-se da casa onde morou tanto tempo, dos amigos do bairro, dos inúmeros jogos de futebol no campo perto de casa. De uma maneira muito rápida todas aquelas imagens se sucediam na sua mente. Queria gritar por socorro, mas se sentia sem forças, o gosto de sangue na boca era muito forte. Lembrou-se então das vezes em que assustado acordava no meio da noite e corria para a cama dos seus pais e ali deitado entre os dois se sentia seguro.

A imagem da sua mãe veio a sua mente. Aquele rosto tão querido que cada vez que falava com ele fazia tantas recomendações. Achava que ela era tola com suas preocupações, afinal de contas ele não era uma criança e sabia se cuidar. Lembrou-se do momento em que se despediu dela dizendo que ia para um encontro com os amigos da empresa onde trabalhava. Achou que era melhor mentir para ela, pois se dissesse para onde ia era iria impedi-lo. Era a primeira vez que ia para uma festa daquele tipo. Estava ansioso para ir, pois os amigos há muito que o incentivavam. A princípio não entendia como alguém podia gostar daquele barulho de bate-estacas a noite toda nos ouvidos. Mas os amigos disseram que havia uma “balinha” que dava um barato legal e que fazia a música ficar interessante.

Ao se lembrar da mãe chorou incontrolavelmente, mesmo já com poucas forças. Será que ainda veria aquele rosto tão doce e cheio de amor. Ao pensar nessa possibilidade estremeceu. Começou a pensar quando ela recebesse a notícia de que seu corpo havia sido encontrado quase nu, todo ferido. Reconheceu que deveria ter ouvido sempre os conselhos de sua mãe, suas preocupações, que não deveria ter mentido para ela, tê-la obedecido. Porém, era tarde demais, derramou uma última lágrima de saudade, fechou os olhos e morreu.

Rev. Kleber Nobre de Queiroz

Pastor da Igreja

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Zelo Sem Conhecimento

Posso testemunhar que eles têm zelo por Deus, mas o seu zelo não se baseia no conhecimento. Romanos 10.2 (NVI)

Quando estudamos a Reforma Protestante podemos perceber que como toda atividade humana, ela teve aspecto políticos. Porém, um fato inegável sobre a Reforma é que esta foi um avivamento espiritual, mas, que em sua essência foi profundamente marcada pela questão doutrinária.

Sabemos que a Reforma Protestante começa em 1517, com afixação das 95 teses por Martinho Lutero, um monge alemão, na porta do Castelo de Wittenberg. Essas teses eram um protesto de Lutero contra a venda de indulgências porque estas atentavam contra o conceito de “graça” revelado nas Escrituras Sagradas e as indulgências de maneira simplificada, era perdão dos pecados mediante pagamento em dinheiro.

O tema da graça dominava o pensamento de Lutero que por muito tempo lutara com a imagem de um Deus vingativo ao qual ele servia por medo e não por amor. É no estudo da Carta aos Romanos que ele se depara com o tema da “justificação pela fé” e isso de maneira graciosa, em que a fé é um meio e não um tipo de obra que dá méritos ao homem.

O que essa pequena introdução nos revela é o papel fundamental que o conhecimento tem na vida e na fé cristã.

Em primeiro lugar, conhecimento das Escrituras Sagradas. Não se pode conhecer a Deus de forma suficiente sem o conhecimento da Bíblia. É na Bíblia que está revelado o caráter de Deus, é na Bíblia que conhecemos o plano salvífico de Deus, é na Bíblia que tomamos conhecimento que Deus enviou o seu Filho para nossa salvação e é na Bíblia também, que tomamos conhecimento do que Deus tem preparado para o seu povo na eternidade.

Uma das grandes conquistas do período da Reforma foi o acesso que o povo teve das Escrituras uma vez que houve um grande esforço de colocá-la na língua e do povo e não apenas no latim como acontecia normalmente. Porém, a Bíblia tem que ser lida e interpretada. A falta de critérios na interpretação da Bíblia é que dá origem a seitas e heresias desde o início da história da igreja. Não nos esqueçamos que os Mórmons, Testemunhas de Jeová e até os Espíritas usam a Bíblia na tentativa de justificarem os seus erros.

Há princípios que norteiam essa interpretação. As ferramentas usadas para o entendimento do texto são a exegese e a hermenêutica, principalmente. A primeira ferramenta procura descobrir o significado do texto na sua situação original, isso levando em conta, à época, o local, as circunstâncias, a língua; a segunda, a sua aplicação nos dias atuais. Obviamente, que nenhuma dessas ferramentas em si são suficientes se não contarmos com o auxílio do Espírito Santo.

Além de conhecermos as Escrituras, precisamos conhecer a história da igreja, sua tradição teológica. A fé que nós temos hoje, é fruto de muitas lutas e orações, uma vez que a Igreja sempre se viu atacada por falsos ensinos e isso desde o tempo dos Apóstolos o que fez com a Igreja procurasse expor os fundamentos de sua fé de forma articulada e racional.

A Igreja nos nossos dias é herdeira de uma tradição que vem desde os apóstolos; passando pelos apologetas, ou seja, os defensores da fé; os chamados “pais da Igreja”; além dos reformadores, até chegar aos nossos dias. Com isso, precisamos entender que a igreja não nasce em um vazio histórico e teológico e conhecer a história da Igreja, nos impede de cometer erros e defender falsos ensinos doutrinários que com muito sofrimento a Igreja já condenou.

Precisamos ser zelosos com a Igreja e esse zelo requer da nossa parte conhecimento e o conhecimento vem por meio do Estudo. A Escola Dominical é o nosso principal meio de aprendizado, ser negligente com ela, significa ser negligente com a própria fé. Como muito bem afirmou John Stott em seu pequeno livro: “Crer é também pensar”!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Fé sem obras

Tiago 2:26 Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta.

Nós que fazemos parte das igrejas históricas que têm suas origens ainda na Reforma Protestante do Século XVI, somos imensamente devedores àqueles homens que nos deixaram esse tesouro precioso que é a tradição na qual se baseia a nossa teologia e doutrinas.

Dizer, porém, que somos herdeiros da Reforma, não significa dizer que temos que aceitar de maneira acrítica tudo que Lutero, Calvino e os outros reformadores ensinaram. Fazer isso é colocar os seus ensinos no nível da infalibilidade e isso seria um dogma que não nos pertence. Fôssemos absorver tudo que, por exemplo, Calvino defendia, não teríamos ainda hoje, corais em nossas igrejas, e estaríamos ainda cantando quase que basicamente os salmos.

Toda essa digressão é para tratar do texto de Tiago que está na Epístola de Tiago e que, por causa do momento que Lutero estava vivendo, ele a chamou de Epístola de palha.

No versículo acima, Tiago não está negando a “Justificação pela fé”, porque isso colocaria as Escrituras em contradição e Paulo e Tiago estariam dizendo coisas diferentes. O que ele está dizendo é que a fé verdadeira não é abstrata, não é uma idéia, um conceito, mas é vida. Vida que se traduz através de atos de misericórdia e de amor. O Apóstolo João, na sua primeira Epístola no capítulo 3, versículo 17 diz o seguinte “Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?” Ou seja, quem tem o amor de Deus no coração, não é insensível às necessidades do seu irmão. O próprio Paulo, na sua primeira carta aos tessalonicenses elogia a operosidade da fé dos irmãos de Tessalônica, ou, em outras palavras, o trabalho que resulta da fé.

Calvino falava que a marca dos eleitos é a santidade. Ou seja, a prova de que somos salvos é a maneira como vivemos. A bondade é um fruto do Espírito Santo, isto é, ser bom, é um sinal de que o Espírito Santo habita dentro de nós. E bondade e amor só existem quando há alguém que é objeto de nossa bondade e amor.

Contudo, a maior prova de que a afirmação de Tiago não está em confronto com o que Paulo diz, está na sua colocação em I Coríntios 13: 2 e 3: ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.”

A conclusão de Paulo nestes dois versículos é simples e direta: a fé sem obras é morta; as obras sem a fé são inúteis. Assim, as duas precisam estar unidas na vida de um cristão.

Rev. Kleber Nobre de Queiroz

Pastor da Igreja

terça-feira, 11 de março de 2008

Atos 1.8, Base, Essência e Extensão da Missão.

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.” (Atos 1:8 RA)

Introdução: As últimas palavras de Jesus Cristo antes de subir ao céu, estão contidas neste versículo de Atos 1.8. Este texto tem sido um texto preferidos daqueles que pregam sobre a obra missionária.

1. O poder do Espírito é a base de toda obra missionária.

A formação bíblica e teológica é importante para obra missionária. Louvo a Deus por ter tido o privilégio de poder ter estudado em um seminário e ter uma formação teológica.

Os discípulos não tiveram um ensino teológico formal como dos nossos seminários e centros de treinamentos, mas foram treinados por Jesus Cristo.

Mas o grande diferencial na vida dos discípulos foi o poder do Espírito Santo.

Por duas vezes, João destaca o fato de que os discípulos estavam reunidos de portas trancadas com medo.

O que foi que provocou essa mudança que levou os discípulos para o templo para as ruas, sem medo de morrer?

Foi o poder do Espírito Santo.

Aqueles homens tímidos e cheios de medo, falaram ousadamente de Cristo diante de todas as autoridades civis e eclesiásticas com intrepidez.

Falaram de Cristo na cidade, nas estradas, nas sinagogas, onde quer que fossem.

“Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!” (João 20:19 RA)

Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!” (João 20:26 RA)

É interessante observar a oração dos cristãos e a resposta imediata logo após Pedro e João haverem sido presos e em seguida libertados: “Agora, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu santo Filho Jesus. Tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos. E todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus.” Atos 4.29 a 31.

Toda preparação teológica e bíblica que os futuros missionários possam ter é nula se não tiverem o poder do Espírito Santo.

Temos que na escolha dos futuros missionários, colocar como prioridade a evidência do poder do Espírito em suas vidas, muitos mais do que qualquer outro aspecto que possa ser considerado.

Certa vez, ouvi de um presidente da nossa denominação dizer que os missionários deveriam ser com Albert Schweitzer, médico, pianista e teólogo que deixou a Europa para ir para África.

Fiquei a pensar que a nossa igreja nesses cem anos não poderia ter tido nenhum missionário, pois nem ele, o presidente, nem, nenhum outro tiveram ou têm a dimensão intelectual de Schweitzer.

Sem demagogia, e com todo respeito, se fosse possível optar entre Schweitzer e o Apóstolo Pedro. Ficaria com o Pedro que se levanta cheio do Espírito no dia de Pentecostes.

Um homem cheio do Espírito é tudo de que Deus precisa para fazer uma revolução.

A ênfase de Cristo não estava na capacidade dos obreiros, mas no poder do Espírito.

A base da obra missionária, não é estratégia, treinamento. Estas coisas são importantes, mas a missão acontece verdadeiramente no poder no Espírito.

Fazer a obra missionária sem o poder do Espírito Santo é como andar em um carro sem motor.

2. Ser testemunha de Cristo é a essência de toda obra missionária.

A essência da obra missionária é ser testemunha de Cristo; de sua vida, morte e ressurreição.

Paulo, escrevendo aos Coríntios disse: “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.” (1 Coríntios 2:1-2 RA)

Nossa tarefa não consiste em expandir a nossa denominação como franquia de um fast food, ou tornar conhecido o nome do fundador da denominação.

Nem mesmo, os milagres são o centro da nossa mensagem. Os milagres são o resultado do poder do Espírito Santo na vida da igreja.

Em nossa igreja, tem acontecido muitos milagres. Damos glória a Deus por isso. Até mesmo com irmãos de igrejas pentecostais que têm entrado aqui em nossos cultos.

Mas a ênfase da nossa pregação não são os milagres. Mas anunciar a Cristo.

Não é suficiente, apenas dizer que Cristo pode resolver os problemas das pessoas, o que é verdade. Mas que elas são pecadoras e precisam se arrepender. Ser testemunha de Cristo implica dizer as pessoas que na cruz, não as mãos de Cristo foram cravadas, mas, também os nossos pecados. Que precisamos nos arrepender e viver uma nova vida em santidade no poder da ressurreição de Cristo.

Não somos testemunhas de nós mesmos, nem de Calvino, Lutero, nem de Wesley, nem de homem algum.

Somos testemunhas de Cristo no poder do Espírito Santo.

E é essa visão que deve levar às igrejas a investir em Missões, sem levar em conta que denominação aquele missionário vai iniciar em outro lugar.

Cristo é o centro da pregação, da obra missionária.

Jesus, no Evangelho de João, cap. 16 diz que o Espírito Santo, há de glorificar a Jesus Cristo.

Fazer a obra missionária, sem ter a Cristo como o centro, é como andar em um carro sem direção.

3. Toda terra habitada é a extensão da obra missionária.

A questão do alcance da obra missionária tem sido afetada por dois problemas de visão: miopia e hipermetropia. Uns tem dificuldade para ver o que está longe, outros, para ver o que está perto.

muitos que têm se perguntado para que a igreja investir em missões em lugares como a África, Ásia, ou qualquer outro lugar distante, se há tanta gente aqui precisando ouvir o Evangelho.

outros que conseguem ver missões na perspectiva transcultural e enfatizam tanto as necessidades em outros lugares, que chega a colocar em crise de consciência aqueles que de alguma maneira estão envolvidas em um contexto de missão local.

Jesus Cristo deixa claro a extensão da tarefa que deu à igreja, ela deve ir onde houver pessoas que precisam conhecer a Cristo.

Cada coração com Cristo um missionário. Cada coração sem Cristo, um campo missionário, esse tem sido um lema apropriado para missões.

A tarefa é grande e desafiadora, mas aquele que nos chamou se responsabiliza por ela.

Podemos perceber pela leitura de Atos dos Apóstolos que no Pentecostes quando o Espírito é derramado sobre a igreja ela se torna intrépida para pregar a palavra e muitos sinais e maravilhas acontecem à medida que eles vão pelo caminho.

Também, fica evidente em Atos dos Apóstolos que Cristo era o centro da pregação da igreja primitiva.

Embora os discípulos não entendessem de início o significado da extensão da missão. Uma perseguição espalhou a igreja para que a mensagem de Cristo chegasse até o coração das pessoas.

Rev. Kleber Nobre de Queiroz

Pastor da 1ª Igreja Presbiteriana Independente de Natal

www.boletim1ipin.blogspot.com