quarta-feira, 1 de outubro de 2008

crentes na política

Crentes na Política.

Há muito tempo que há em nosso meio uma discussão a respeito da participação dos crentes na política. Gostaria de colocar alguns argumentos para nos ajudarem a refletir melhor sobre a questão.

A primeira coisa a se dizer é que enquanto vivermos aqui será impossível não termos qualquer tipo de envolvimento político. Isso porque estamos inseridos em um contexto social em que a política faz parte de cada aspecto da nossa vida. Até a omissão é um gesto político. Seja a abstenção, seja o voto em branco ou nulo, estes não deixam de ser uma forma de protesto político.

Voltando para a Bíblia temos exemplo de pessoas que exerceram em sua época, funções políticas como José e Daniel e lembramos ainda, que quando Israel passou a se constituir como nação, precisou também se estruturar politicamente, seja por meio dos juízes, seja por meio da monarquia.

A história da reforma protestante também aponta para o fato de que Calvino acumulava o papel de Pastor e líder político em Genebra, na Suíça, considerada o berço das igrejas de origem reformadas, isto é, de tradição calvinista.

Os Estados Unidos, país que tem uma tradição protestante vinda desde suas origens, teve em sua maioria presidentes protestantes, alguns nominais, outros praticantes, caso de Jimmy Carter, Batista praticante e professor da escola dominical de sua igreja.

Na verdade, o que precisamos diferenciar é o “crente candidato” do “candidato crente”. Talvez você esteja se perguntando se tudo não é a mesma coisa, então, deixe-me explicar: o crente candidato é aquele que não tem vocação política e espera receber um voto tão somente por conta de sua condição religiosa, seja como membro, pastor ou qualquer outro título religioso. Já o candidato crente é aquele que tem vocação política e quer colocar o seu trabalho a serviço da comunidade. O seu projeto é maior do que a igreja. Porém, não pode com isso esquecer a sua fé, o seu compromisso com Deus e com a sua igreja, o que levaria a ser apenas um candidato.

Tudo isso suscita então uma pergunta final: devemos votar em crentes? Sim e não. Sim se o candidato tiver compromisso com a sua cidade e tiver vocação política e também se tiver vida cristã autêntica tanto na igreja quanto fora dela. Senão, é melhor não votar nele para não manchar o nome da igreja. Porém, se ele for apenas um crente candidato, não devemos votar nele, pois o simples fato de ser crente não o habilita ao exercício da vida pública e este também, poderá vir a ser um péssimo testemunho para o nome da igreja.

Rev. Kleber Nobre de Queiroz

Pastor da 1ª Igreja Presbiteriana Independente do Natal