sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Inquisição sem fogueiras

Inquisição sem fogueiras.

Os dois períodos mais vergonhosos da história do Cristianismo foram o das Cruzadas e o da inquisição. No primeiro, exércitos foram formados e armados para matar em nome de Cristo. No segundo, pessoas foram julgadas e condenadas à morte em nome de Cristo. A ironia disso tudo é que a inquisição se chamava “santa”.
Precisamos aprender com a história e com os seus erros para não estarmos condenados a repeti-los. Reconheço, que desde o início a igreja se viu atacada por falsos ensinos que motivaram a defesa da fé pelos apóstolos, o que está bem evidenciado nas epístolas.
Contudo, as mesmas epístolas revelam tensões dentro da igreja sem que isso constituísse perigo à essência da fé. O Concílio de Jerusalém conforme está relatado em Atos capítulo 15, é um exemplo muito claro disso. A igreja nasce dentro do judaísmo, mas como já previra Jesus Cristo: “é preciso odres novos para o vinho novo,” e a estrutura do judaísmo não suporta o novo que irrompera na pessoa de Jesus Cristo. Razão pela qual, para que as tensões fossem atenuadas uma agenda mínima é estabelecida para cumprimento pelos gentios, a fim de que houvesse paz na igreja (Atos 15.20).
Precisamos humildemente, reconhecer que há muitos assuntos dentro da fé cristã que são controversos; que outros irmãos que são crentes fiéis à luz da Bíblia, encontram respaldo para suas doutrinas e idéias. Precisamos distinguir o que é primordial, o que é essencial à fé cristã e inegociável, daquilo que é secundário, de questões sobre as quais existem posições divergentes e amplamente aceitas no meio dos cristãos para não querermos queimar os outros no fogo do nosso preconceito e das nossas palavras em uma “inquisição sem fogueiras”.
Lembramos que a “verdade sem amor gera a intolerância, mas, o amor sem a verdade gera a insegurança”. Esses dois elementos precisam andar juntos e combinados na igreja: a verdade e o amor.
Rev. Kleber Nobre de Queiroz

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente texto Kléber. Vejo isto aqui em Santiago, não na Comunidade, mas nas outras, inquisição direta. Deus abençoe. Elson