terça-feira, 18 de novembro de 2008

Construindo Pontes ou Levantando Muros?

O ser humano vive dentro de uma tensão. Deus o criou para ser social, isto é para a vida em comunidade. A queda o tornou egoísta, voltado para os seus interesses imediatos.
Essa tensão permanente o leva a busca de relacionamentos uma vez que na tessitura do seu ser está ínsita essa necessidade. Em virtude da queda, os seus relacionamentos podem ser marcados por interesses pessoais ou se tornarem conflituosos.
Quaisquer que sejam as instâncias da vida, na medida em que os relacionamentos se tornam mais íntimos tendemos a tornar acerbos esses relacionamentos.
A igreja também não está imune a essas tensões. Há algumas razões que podem explicar essas tensões. Uma delas é a luta interior que vivemos e que só terá fim quando ao final estivermos na presença de Deus na eternidade. Paulo, ao escrever aos Galátas no capítulo 5, denomina esse conflito de luta da "carne contra o Espírito". Embora criados à imagem e semelhança de Deus, fomos atingidos pela queda que "borrou" essa imagem. A carne mencionada por Paulo, não é um sinônimo de "corpo", mas a inclinação natural que o ser humano tem para o pecado. E o Apóstolo diz que as obras da carne são: inimizades, porfias (isto é, disputas), ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções (grupos), invejas...
Se observarmos atentamente, das obras da carne mencionadas, três, dizem respeito à sexualidade: prostituição, impureza, lascívias; duas à religiosidade: idolatria e feitiçarias; duas ao procedimento à mesa: bebedices e glutonarias e oito relacionadas aos relacionamentos.
Penso que essa lista nos ensina muito. Os problemas nas igrejas relacionados aos sexo são pontuais e são normalmente duramente punidos. No contexto das igrejas evangélicas, o combate à idolatria e à feitiçaria é uma causa histórica. Mas há uma área que precisa ser tratada com urgência, a dos nossos relacionamentos.
Não demorou muito tempo para que as novas igrejas constituídas, enfrentassem problemas nessa área, vejam só o que Paulo diz: "Se vós porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos." Galátas 5.15.
Para Paulo, a saída para esses conflitos é uma só: o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Acrescente-se aisso a palavra de Jesus Cristo de que felizes são os pacificadores.
A ênfase da igreja da igreja no poder, seja espiritual ou político, tem levado a igreja a perder a sua essência que é o amor. E o apóstolo João na sua primeira carta, chega a questionar se realmente amamos a Deus ao dizer que "se não conseguimos amar o nosso irmão que vemos, como podemos a Deus que não vemos. "
A queda nos inclina para uma vida de inimizades, amargura e rancor. Cristo nos faz novas criaturas para vivermos em amor.
A diferença toda está naquilo que estamos fazendo em nossos relacionamentos. Construímos pontes ou levantamos muros? A ponte une, os muros separam.
Os cristãos vivendo à semelhança de Cristo devem construir pontes como Cristo construiu na Cruz, restaurando o relacionamento do ser humano com Deus. Agora no poder da cruz, somos chamados a viver em comunhão, ou fora delas viver de maneira carnal e em desobedência a Deus.

Rev. Kleber Nobre de Queiroz
Pastor da 1ª Igreja Presbiteriana Independente do Natal 


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